sexta-feira, 5 de junho de 2015

Inconsequente

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Antes de tudo, entenda... Eu sou o tipo de pessoa que dormiria embaixo de um pé de jaca sem pensar na jaca. C'est la vie. Não sou hipster, não é um modo de vida alternativo, uma filosofia de vida, um carpe diem incoerente ou algo do gênero. É só o jeitão da madeira. Num desses dias em que resolvi vestir blusa alaranjada com um blue jeans te vi na minha lanchonete de sempre. A vida é muito curta pra cozinhar todo dia apenas para um. Eu era freguesa regular, mas você não. Sabe a sensação de ter Joey Jordison usando seu peito como bateria? É. Eu não estava pronta pra fragrância de sálvia amadeirada, pra ver seu cabelo de sol, pros olhos de noite nublada, pra ver Apolo em homem, e ficar quieta. Os funcionários da lanchonete não estranharam quando fui sentar do seu lado (talvez você não tenha sido o primeiro deus que eu vi por lá). A conversa flui despreocupadamente, você está confortável e eu já sinto seu gosto na minha boca. Quero curtir o momento, a dança de olhares, as variações nas notas da conversa, o pisar em ovos, a expectativa do que está por vir. Você pede pra ir pra minha casa.
Existe coisa melhor do que encontrar outra pessoa que dormiria embaixo de um pé de jaca?
Tudo em você me deixava aérea... Seu toque, o calor que passava do seu corpo pro meu, a sala girando, seus olhos de noite... Noite que crescia e me engolia, exigindo tanto de mim que parecia que poderia me afogar a qualquer momento.
Não me lembro do momento que a noite de seus olhos viraram saco preto de lixo. A asfixia atrapalha meu raciocínio.

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