quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Sabores do amor

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Amos doce de noivos
ficou sem gosto com o casamento.
Finalmente azedo com a traição
e amargo com o cianureto.

domingo, 3 de julho de 2011

Amor morno

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Você tem seguido meus passos com o olhar. Não só meus passos. Meus movimentos, minhas palavras, meus olhares não muito discretos pra você. O sentimento está aqui, e você bem sabe.
Me provoca, se insinua e quando te provoco desconversa. Tuas palavras me envolvem e me tiram da realidade. Me levam pra algum lugar onde posso te pegar no colo e te chamar de meu, sem ninguém julgar, sem porém, talvez e entretanto. Você é simplesmente meu e eu sou seu.
Mas meu coração pede tarde de filme dando amasso, mãos dadas e beijo surpresa. Pede paixão, fogo, carinho e o teu corpo. Pede amor. E você?
- Deixa pra lá...
Deixo pra lá o que não é importante. Deixo pra lá o que não é urgente. Deixo pra lá o que tá cozinhando em banho-maria.
Amor se não for alimentado murcha, entorta o sorriso e deixa o samba desbotado. Amor não se deixa pra lá.

Amor não combina com banho-maria.

sábado, 23 de abril de 2011

Então...

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É do Ryotiras

sábado, 2 de abril de 2011

Inocente

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Ela não se destaca na multidão
Ela é de altura mediana.
Ela não usa maquiagem.
Ela tem o cabelo ondulado.

Mas não era culpa dela.

Ela não chama a atenção de ninguém.
Ela é tímida.
Ela não se declarou para o garoto dos seus sonhos.
Ela gosta de ficar em casa.

Mas não era culpa dela.

Ela não gosta de salto agulha.
Ela tem vergonha de sorrir.
Ela não solta o cabelo.
Ela se preocupava com o que os outros pensavam.

Mas não era culpa dela.

Mas não ignorar a multidão que não se importa,
abrir mão de ser mais feminina para não chamar atenção,
não sorrir e mostrar aos outros seu brilho,
assumir riscos e dizer o que sente...

Disso ela tinha culpa.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Eu + Tu = Nós

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Quando eu e tu nos somamos e viramos nós?

Quando eu mandei mensagem pra tu não esquecer meu cheiro?
Quando tu dissestes que gostava da minha mania de velar teu sono?
Ou quando nós começamos a rir no meio da cozinha sem motivo?

Quando eu beijei teus olhos antes de partir?
Quando tu mordestes minha orelha?
Ou quando nós dormimos de conchinha?

Quando eu cozinhei teu prato favorito?
Quando tu chorastes na minha frente por saudade?
Ou quando nós dormimos vendo estrelas?

Quando eu liguei para te lembrar do casaco que tu esquecestes?
Quando tu destes bronca em mim por esquecer lingerie dentro do chuveiro?
Ou quando nós dançamos sem música?

Quando a matemática fez sentido?
Quando nos cansamos de conjugar verbos na 1ª pessoa do singular,
e a 1ª pessoa do plural ficou tão agradável?

segunda-feira, 7 de março de 2011

Não existe mais bacalhau do porto

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- Isso não é bacalhau! Não presta...

Sabe uma pessoa mala? Era meu bisavô.
Sim... Era.

Pra ele bacalhau do porto e azeite de oliva eram duas lendas. Era tudo atum e óleo composto (azeite misturado com óleo de soja). Mas mesmo assim, exceto a minha avó que comprava e cozinhava o bacalhau, todo mundo ria.

Muito do que era normal, também se transformou em lenda. E continuamos rindo de tudo isso.

Meu bisavô contava de uma época em que todos davam bom dia na rua a desconhecidos. Se alguém me dá bom dia hoje, já começo a imaginar até quintas intenções do sujeito. Entro no ônibus e aumento o volume das minhas músicas, ordenando que meus fones calem meus pensamentos e ceguem meus olhos.
Ando de cabeça baixa.
Raramente aceito ajuda.
Não me atrevo a manifestar um sorriso.

Qualquer tentativa de interação pode e será encarada com hostilidade, a menos que te conheça.

E penso que isso tudo é normal. Que todos são assim... Talvez sejam.

Ou talvez as poucas exceções à regra desfrutem de um bom bacalhau do porto com azeite de oliva aos domingos com a família.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Presença...

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Aqueles olhos que refletem os meus...

Ah lindo, quer discutir novamente comigo? Ao menos posso saber por que me julga? Claro, não te falo o que quero e te obrigo a encorporar a mãe Diná. Mas se tudo der errado você poderia ganhar alguma coisa com isso. Tudo bem, parei de brincar.

Aquele cheiro que me envolve o sentido...

Meus amigos? Ciúmes de novo? Não entendeu ainda que a atenção que dou a eles é diferente da que dou a você? Se você entra no cômodo, fico alguns segundos atordoada, controlo a vontade louca de sair e me encaixar no teu abraço e me esconder ali até o fim dos dias, pois sei que ali tudo vai ficar bem.

Aqueles cabelos que atraem meus dedos...

Meus carinhos sem motivo? E carinho precisa de motivo? Às vezes simplesmente te quero de uma maneira mais inocente, ou sinto saudade do teu calor. É um desejo em que não preciso da intimidade de quatro paredes, apenas a intimidade do toque de mãos, do olhar, é o que preciso.

Aquele corpo que abriga o meu...

Meu silêncio pela casa? É um pouco de medo de me perder em você. Não, não seria ruim, mas como seria amar uma copia sua? Meio narcisista, né? Além de irritante, não seria a pessoa que você ama.

Aquela boca que encaixa na minha...

As palavras ácidas? Meu anjo, às vezes apenas o carinho não chama a sua atenção. Nesses momentos, é muito mais rápido e eficiente te chamar de corno do que de amor, e você olha e me dá atenção em tempo recorde. Sua raiva é mais um meio de me aproximar de você e te manter interessado em mim.

Aquela personalidade e aquela alma, que se juntam às minhas...

O que eu quero? Alguém que me guie na multidão, que não me deixe ser arrastada pela uniformidade, alguém que não brigue com meu amigos pela atenção que dou a eles, mas sim alguém que brigue comigo porque quer mais companheirismo e afeição. Alguém que não diga que sou uma mulher totalmente segura, já que uma parte minha ainda é pequena e precisa de um lugar seguro, mas sim alguém que me mostre que meus medos são mínimos se comparados a minha determinação e ao apoio que ele me dará. Alguém que me mostre que na dualidade ainda posso encontrar a minha individualidade.

Quero a sua presença, não apenas do teu corpo. Preciso que me mostre que não preciso de você, que posso viver mesmo na saudade, mas que me faça querer apenas você.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Bixete de Letras

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A felicidade já nem se comporta dentro de mim!
*.*

sábado, 29 de janeiro de 2011

Parlenda

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Lá em cima do piano
tem um copo de veneno
deixado pelo pianista.

O piano permaneceu em silêncio até o fim de seus dias.